Não Sei Quantas Almas Tenho (Fernando Pessoa)
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Foto: Cópia do Google
Sejam bem vindos a esse cantinho poético porque quando se ama a vida ela é a própria poesia. Como diz Clarice Lispector "A virtude da vida não está em fazer aquilo que se gosta, e sim gostar daquilo que se faz. Por isso sejam fortes, não como as ondas que tudo destrói, mas como as pedras que tudo suporta!"
Oi Adriana :)
ResponderExcluirEsse poema marcou minha vida de estudante!
Professores de português e filosofia,vez ou outra, pediam trabalhos acerca dessa obra.Eu adorava analisar e estudar cada estrofe de 'Não sei quantas almas tenho'.
Fernando Pessoa e sua grandiosidade...ele é simplesmente fascinante.
Parabéns pela escolha.
*Desde já 'Feliz dia dos Professores'.*
Educar é semear com sabedoria e colher com paciência.
(Augusto Cury)